sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Aos Dezesseis

Aos 16 eu cheguei numa etapa da minha vida que, teoricamente, era pra eu chegar só aos 40.
Eu venho me sentindo pequena, insignificante e passageira.
Me recordo de histórias, de gente que morreu aos 18, 17, 16...Estou aflita! Estou num conflito! Não quero também ficar velha, enrugada, com osteoporose, incapacitada de fazer o que eu gosto de fazer: andar. Andar por aí, vagando, conhecendo.
Não quero morrer, não quero. Não quero ver minha carne apodrecendo e se desfazendo na boca de serezinhos unicelulares.
E se de repente eu descubro uma doença ? e se eu tiver que perder meus cabelos, aposentar minhas pernas ?
Me sinto uma desgraçada. Tenho medo de tanta coisa, tanta coisa banal para uns.
O que será de mim se eu tiver que viver de 'ses' ? Ou nem viver mais ?
Já dizia Lenine em 'Paciência': a vida é tão rara.
São poucos os que vivem. Viver e viver intensamente, para mim, são meras redundâncias.
A gente existe. O fato de sermos um bando de matéria, de massa, de carne ambulante, nos faz 'seres existentes'. Seres vivos são raros, raríssimos.
Aos dezesseis eu já tive a honra de conhecer algumas dessas relíquias. Ah! afortunados são os vivos. Os vivos que fazem jus a esse título, são vivos até na hora de não poderem mais sê-lo.
Conseguem a proeza de continuarem vivos, eternamente.
Maldito aquele que disse: ''Penso, logo existo.'' Calhordas! Quando penso, eu vivo. Sem pensar, eu já existo. Quando penso, vejo que poderia estar vivendo. Pensar me dá vontade de viver.
E às vezes quando eu vivo, eu esqueço de pensar, e passo a SER EXISTENTE.

(Luísa Dalé Silva)
A poesia que já me pertenceu fugiu de meus braços, foi chorar seus prantos em outra freguesia. O lirismo que me preenchia se instalou em alguma outra pele macia, que não a minha. Tudo aquilo que já foi tão meu, todo aquele sentimentalismo que me pertenceu, escapou por entre meus dedos, eu não pude evitar. A inspiração que tinha entrelaçada comigo todos os dias, de repente não me quer mais, preferiu procurar outra paz e se encontrou em palavras que por mim nunca foram ditas. A melodia que costumava soar apenas em meus ouvidos, agora só a possuo se fico na platéia, pois ela cansou de sussurrar suas notas nada silenciosas em meus ouvidos, enquanto acariciava meus cabelos. Mais parece que tudo me fugiu, mais parece que o porto seguro se mudou. As coisas não deviam ser assim, essas lembranças deviam esquecer de mim...

(Lorena Luiza Fernandes)

terça-feira, 31 de julho de 2007

Piedade

Meu amor, me ame
Me ame, me ame
Tanto quanto eu
amo, amor
não me tire o prazer
de ouvir sua voz,
olhar em seus olhos negros,
achar graça do seu sorriso
tímido.
Não, amor
não me desampare,
eu não vivo!

Me ame, me ame, me ame ...

(Luísa Dalé Silva)

Gotas de poesia.

Escrever...
Escrevo pra quem não me compreende,
Escrevo porque não me entendo,
Escrevo
O que sinto
O que não, escrevo...
Deito,
Num leito gelado
E os dedos portados de mágica
Dão asas as minhas palavras, concedem vôo aos meus pensamentos,
Esses que não suportam o engaiolamento verbal do meu penar
Têm necessidade de viajar,
Transcender a linha obscura de minh’alma.
Se espalhar, explodir, extravasar.
Extra vazo palavras:
Excedo o escoamento do meu escrever vazio;
Gotejo minha pouca poesia na imensidão.

(Lorena Luiza Fernandes)